Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC 2023) mostraram que a proporção de domicílios em situação de segurança alimentar foi de 72,4%. Por outro lado, 8,7 milhões de brasileiros e brasileiras ainda passam fome no país. Nesse cenário, é imprescindível discutir sobre as interseccionalidades presentes, e destacar que a fome é um retrato das desigualdades estruturantes presentes no Brasil, e, portanto, a população vulnerabilizada possui maior risco para insegurança alimentar. Ademais, cabe ressaltar que a vulnerabilizarão tem relação com processos históricos de exclusão social e com a existência de barreiras que colocam grupos e comunidades em desvantagem sistemática, e os impedem de acessar os recursos sociais, econômicos, políticos e ambientais existente na sociedade.
 
Diante desse complexo desafio, o e-book “Insegurança Alimentar e Nutricional em grupos vulneráveis”, que teve o espaço de ensino como ambiente de inspiração, preenche uma lacuna importante para a agenda de SAN no Brasil ao apresentar uma valiosa sistematização de informações sobre as especificidades relacionadas a situação de insegurança alimentar e nutricional dessa população. A identificação e o reconhecimento dos problemas que afetam agricultores e agricultoras familiares, indígenas, quilombolas, população LGBTQIA+, ribeirinhos e ribeirinhas, imigrantes e refugiados é imprescindível para subsidiar a construção de estratégias capazes garantir o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). De forma bastante didática, e com o rigor técnico e metodológico já reconhecido em outros trabalhos organizados pela Professora Silvia Priore e pelas demais autoras, o e-book também descreve o conjunto de políticas, programas e ações de diferentes setores que objetivam a garantia da segurança alimentar e nutricional para cada um desses grupos.